Descrição enviada pela equipe de projeto. Localizado no Jardim Paulistano, bairro tradicional da cidade de São Paulo, o lote, a receber a residência de uma jovem família, segue o padrão da região, com 10 metros de frente por 30 metros de comprimento. A este, segundo a legislação, são aplicados os recuos de 5 metros de frente, 3 metros de fundo e 1,50m de um dos lados do terreno, que aumenta para 3 metros em ambos os lados a partir do segundo pavimento da construção.
Logo, o desejo dos proprietários em possuírem um jardim generoso para além do programa de necessidades da casa e os parâmetros da legislação de uso e ocupação de solo conduziram o projeto a verticalizar a edificação, afastando-a das laterais e constituindo uma volumetria autônoma em relação ao lote.
Assim, o pavimento térreo tem seu perímetro definido por quatro faces de vidro, recuados em relação a projeção da edificação e dos limites do terreno, ampliando a sensação visual até os muros de divisa. Este volume solto em meio ao denso jardim oferece uma integração total entre interior e exterior e enfatiza a presença da vegetação por todos os ambientes. Esta decisão assegurou a iluminação natural indireta e, por meio de aberturas estrategicamente posicionadas, permitiu a ventilação natural dos ambientes ali localizados. Interrompendo a continuidade do jardim, dois pátios são conformados junto aos muros de divisa, garantindo a insolação e a ventilação para as atividades de serviço que se localizam sob a caixa de vidro que constitui o térreo.
Diferente da materialidade do térreo, um volume todo transparente, o pavimento superior se conforma como um volume opaco. Seu desenho foi longitudinalmente definido por duas empenas praticamente cegas, que orientam e definem o partido estrutural, conferindo ritmo aos pilares metálicos revelados no térreo. Revestidas com telhas metálicas industriais que se transformam em guarda-corpo no segundo pavimento, as empenas laterais dão a sensação de se tratar de uma casa dois pavimentos. Além disso, sua geometria trapezoidal protege o térreo envidraçado e acomoda a disposição desejada para os dormitórios. Localizados nos topos desse volume, estes ambientes possuem aberturas marcadas por um fechamento metálico que além de controlar a insolação, destacam as empenas laterais e conferem unidade à materialidade do todo.
Sobre este volume, um grande terraço se abre para a cidade, ampliando a presença do verde por toda a casa. O deque voltado ao sul e o jardim periférico que dá a volta em todo o volume criam uma situação de estar para se poder desfrutar tanto da paisagem conquistada como da sombra de um Pau Ferro centenário que nasce no terreno do vizinho. Em meio a isso, um pequeno pavilhão metálico permite o acesso a área externa, bem como abriga uma área de escritório e áreas técnicas.
O uso de materiais como vidro, telhas e portas metálicas atenderam às demandas do casal de baixa manutenção e alto desempenho técnico. À esta materialidade aparentemente bruta, contrasta-se a generosidade e a leveza do jardim que se faz presente por todos os espaços sociais da casa.